O Excelência com Equidade é um estudo lançado em 2012 pela Fundação Lemann, em parceria com o Itaú BBA. Seu objetivo é identificar estratégias e práticas comuns às escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico e conseguem bons resultados educacionais.
Em 2012, o foco foi os anos iniciais do ensino fundamental. A partir de 2015, passaram a ser mapeadas escolas dos anos finais do ensino fundamental. Em 2019, a pesquisa concentrou-se em escolas públicas de ensino médio. Ao todo, já foram divulgados nove relatórios de pesquisa.
A ideia de elaborar o estudo partiu da reportagem “Aula de Excelência na Pobreza”, realizada pelo jornal O Globo com o auxílio da Fundação.
As Escolas de Excelência nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Foram encontradas pelo estudo 215 escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico nos anos iniciais do ensino fundamental, e que garantem o aprendizado de seus alunos.
Os critérios adotados foram: pelo menos 70% dos alunos da escola deveriam ter realizado a Prova Brasil 2011, e a escola deveria ter pelo menos 70% dos alunos no nível adequado de proficiência em língua portuguesa e matemática. Somente 5% dos estudantes, no máximo, poderiam estar no nível insuficiente. Para isso, foi adotada a interpretação que pesquisadores e organizações como o Movimento Todos pela Educação fazem da escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Além disso, as escolas também deveriam ter evoluído no Ideb e nos dados de aprendizagem desde 2011.
A pesquisa de campo (qualitativa) buscou entender as estratégias e práticas comuns às escolas de bons resultados. Para isso, os pesquisadores visitaram duas escolas no Nordeste e uma escola em cada uma das outras regiões do País que atingiram os critérios estipulados. Nesses locais, foram realizadas entrevistas com o secretário municipal de educação da cidade, com o diretor escolar, coordenador pedagógico e trio de professores, além de grupo focal com os alunos e observações do ambiente escolar.
A partir disso, foram identificadas quatro práticas comuns às unidades que conseguem garantir o aprendizado da maioria dos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental. São elas:
1. Definir metas e ter claro o que se quer alcançar;
2. Acompanhar de perto – e continuamente – o aprendizado dos alunos;
3. Usar dados sobre o aprendizado para embasar ações pedagógicas;
4. Fazer da escola um ambiente agradável e propício ao aprendizado.
A pesquisa mostrou também as principais estratégias utilizadas pelas escolas para implementar as mudanças necessárias, que possibilitaram os bons resultados. As principais são:
1. Criar um fluxo aberto e transparente de comunicação;
2. Respeitar a experiência do professor e apoiá-lo em seu trabalho;
3. Enfrentar resistências com o apoio de grupos comprometidos;
4. Ganhar o apoio de atores de fora da escola.
Acesse o estudo Excelência com Equidade nos Anos Iniciais
As Escolas de Excelência nos anos finais do Ensino Fundamental
Em 2015, a Fundação Lemann e o Itaú BBA se juntaram ao Instituto Credit Suisse para investigar as escolas que conseguem bons resultados nos anos finais do ensino fundamental.
O estudo, desta vez, se mostrou mais desafiador. Aplicando os mesmos critérios de aprendizagem para os anos finais (9º ano), apenas três escolas restaram.
A pesquisa então, utilizou seis critérios de aplicados com diferentes níveis de exigência, dependendo da nota de entrada dos alunos no 6º ano, e, com isso, chegou a seis escolas. Essas unidades foram estudadas em profundidade por uma dupla de pesquisadores, que realizou observações do ambiente escolar, entrevistas com o diretor, coordenadores pedagógicos, professores e alunos, além de outras ações.
Além das escolas de bons resultados, chamadas de escolas tratamento, foram selecionadas também escolas com perfil socioeconômico e número de alunos semelhante e Ideb próximo à média do município ou da região estudada (elas receberam o nome de escolas controle). A ideia com essa comparação foi entender o que é feito de diferente que permite a algumas escolas terem resultados melhores que outras em contextos semelhantes.
As Escolas de Excelência no Ensino Médio
Já a terceira etapa da série Excelência com Equidade foi realizada pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a Fundação Lemann, o Instituto Unibanco e o Itaú BBA. O objetivo da pesquisa foi entender as estratégias e práticas das escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico e conseguem bons resultados no ensino médio.
Foram selecionadas escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico e conseguiram bons resultados na Prova Brasil e no Enem 2017, além de possuírem uma taxa de aprovação mínima de 95%.
Das 5.042 escolas elegíveis, 100 atingiram os indicadores de qualidade propostos, sendo que 82 são de tempo integral. Os estados que apresentaram a maior quantidade de escolas são: Ceará (55), Espírito Santo (7), Goiás (7) e Pernambuco (14). Por essa razão, foram escolhidos para a realização da pesquisa de campo (qualitativa), em que foram visitadas duas escolas com bons resultados em cada estado, além de uma escola com indicadores na média.
A partir dessa análise, foi possível identificar ações e práticas comuns, que contribuem para os bons resultados e que podem servir de inspiração a outras unidades e redes. As principais são:
- Tomadas de decisão baseadas em evidências quantitativas e qualitativas;
- Foco no uso de dados e no monitoramento contínuo da aprendizagem, com utilização de sistemas integrados de gestão educacional;
- Parceria entre professores e alunos, com escuta ativa e quebra do tabu da hierarquia;
- Boa interlocução dentro e fora da escola (pais, comunidade e Secretaria de Educação);
- Estratégias pedagógicas que conversam com a realidade dos alunos e atendem às diferentes necessidades de aprendizagem, com mescla de métodos de fixação (exercícios e simulados) e métodos que estimulam a criatividade e o protagonismo (feira de ciências, atividades esportivas, tutoria entre alunos e aulas eletivas criadas por eles)
Acesse o estudo Excelência com Equidade no Ensino Médio
Explicação dos Selos recebidos pelas Escolas
Escolas de Excelência: Destaque a escolas que conseguiram obter um desempenho muito bom para a maioria de seus alunos.
Tabela 1 – Critérios Utilizados no Selo Excelência para 1ª Etapa do Ensino Fundamental | ||
Variável | Valor do Critério | |
Baixo NSE | Alto NSE | |
% alunos do 5º ano com aprendizado adequado em Português em 2015 | >= 70% | >= 85% |
% alunos do 5º ano com aprendizado adequado em Matemática em 2015 | >= 70% | >= 85% |
IDEB anos iniciais ensino fundamental em 2015 | 7.0 | 7.5 |
% alunos do 5º ano com aprendizado insuficiente em Português em 2015 | <= 5% | 2% |
% alunos do 5º ano com aprendizado insuficiente em Matemática em 2015 | <= 5 % | 2% |
Evolução no IDEB (apenas para as escolas com IDEB < 8) | >0 | >0 |
Taxa de Participação dos alunos de 5º ano na Prova Brasil em 2015 | >= 70% | >= 70% |
Observação: A definição dos valores se baseia em valores situados entre os percentis 90 e 95 para o caso da proporção de alunos no nível adequado de aprendizado. Em termos de IDEB os valores são situados entre os percentis 95 e 99. Para a fração de alunos no nível insuficiente, são valores situados em torno do percentil 10. Com relação a evolução no IDEB, o critério foi mantido apenas para as escolas que possuíam IDEB no ano de 2015 inferior a oito. A taxa de participação de 70% na Prova Brasil tem o objetivo de considerar escolas em que mais de 2/3 dos alunos compareceram e responderam à Prova Brasil em 2013, para que as estatísticas reflitam mais fielmente a situação de desempenho escolar dos alunos daquela série.
Tabela 2 – Critérios Utilizados no Selo Excelência para 2ª Etapa do Ensino Fundamental | ||||||
Variável | Alto IDEB de entrada | Médio IDEB de entrada | Baixo IDEB de entrada | |||
Baixo NSE | Alto NSE | Baixo NSE | Alto NSE | Baixo NSE | Alto NSE | |
% alunos de 9º ano com aprendizado adequado em Português em 2015 | >=55% | >=70% | >=55% | >=60% | >=50% | >=55% |
% alunos de 9º ano com aprendizado adequado em Matemática em 2015 | >=50% | >=60% | >=50% | >=50% | >=40% | >=40% |
IDEB em 2015 | >=5.5 | >=6 | >=5 | >=5.5 | >=4.5 | >=4.5 |
% alunos do 9º ano com aprendizado insuficiente em Português em 2015 | <=10% | <=5% | <=10% | <=5% | <=15% | <=10% |
% alunos do 9º ano com aprendizado insuficiente em Matemática em 2015 | <=10% | <=5% | <=15% | <=10% | <=20% | <=20% |
Nota Prova Brasil 2013 – Nota de entrada (Português) | >=63 | >=70 | >=70 | >=75 | >=80 | >=80 |
Nota Prova Brasil 2013 – Nota de entrada (Matemática) | >=46 | >=55 | >=55 | >=60 | >=65 | >=65 |
% de escolas do município em que o IDEB cresceu | >=75% | >=75% | >=75% | >=75% | >=75% | >=75% |
Taxa de Evasão Escolar do 6º ao 8º ano do EF | <= 8% | <= 8% | <= 8% | <= 8% | <= 8% | <= 8% |
Taxa de participação no 9º ano na Prova Brasil 2015 | >=70% | >=70% | >=70% | >=70% | >=70% | >=70% |
Observação: Valores de corte da proporção de alunos no adequado baseados nos Percentis 90 a 99 da distribuição dentro de cada categoria. Para a proporção de alunos no nível insuficiente, valores de corte baseados no percentil 1 a 5. Para o IDEB em 2015 e para as medidas de valor adicionado, os valores de corte se baseiam no percentil 90. O valor de corte da taxa de evasão escolar representa a taxa média de evasão escolar do Brasil nessas séries. |
Escolas Bom Percurso: Premiação às escolas que ainda não alcançaram os critérios do Selo Excelência, mas estão realizando progressos importantes nessa direção. O objetivo aqui é valorizar a trajetória positiva que diversas escolas têm realizado ao longo dos últimos anos. A ideia por trás é que se continuarem a evoluir como vem fazendo nos últimos anos, em breve conseguirão respeitar os critérios do selo Excelência. Novamente, levamos em consideração variáveis de proficiência e de fluxo escolar. Mas, nesse caso, enfatizamos a evolução da escola ao longo do tempo.
Tabela 3 – Critérios Utilizados no Selo Percurso para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental | ||
Variável | Valor do Critério | |
Baixo NSE | Alto NSE | |
Proporção de alunos no nível Adequado em LP em 2015 | >= 50% | >=* 60% |
Proporção de alunos no nível Adequado em MAT em 2015 | >= 50% | >= 60% |
IDEB 2015 | 6 | 6,5 |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em LP em 2015 | <= 15% | <= 5% |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em MAT em 2015 | <=15% | <= 5% |
Melhora da Proporção de alunos no Nível Adequado de LP e MAT no período 09-15 | > 0 | > 0 |
Melhora da Proporção de alunos no Nível Insuficiente de LP e MAT no período 09-15 | < 0 | < 0 |
Evolução no IDEB de 0,2 ao ano | Sim | Sim |
Observação: Inicialmente, condicionamos a amostra apenas às escolas que respeitavam: i) o critério de evolução de 0,2 pontos no IDEB por biênio e ii) evolução favorável a proporção de alunos nos níveis adequado e insuficiente. Dentro desse grupo, estabelecemos o valor de corte da proporção de alunos no nível adequado, proporção de alunos no nível insuficiente e taxas de aprovação com base no Percentil 50 dessa distribuição condicional. Para o IDEB, o valor de corte foi definido a partir do percentil 75 dessa distribuição. Com relação a melhora na proporção de alunos no nível adequado e insuficiente foi aceitável uma variação negativa nos resultados de até cinco pontos percentuais, desde essa variação não ocorra em dois períodos seguidos. |
Tabela 4 – Critérios Utilizados no Selo Percurso para os Anos Finais do Ensino Fundamental | ||
Variável | Valor do Critério | |
Baixo NSE | Alto NSE | |
Proporção de alunos no nível Adequado em LP em 2015 | >= 30% | >= 45% |
Proporção de alunos no nível Adequado em MAT em 2015 | >= 15% | >= 25% |
IDEB 2015 | 5.0 | 5.5 |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em LP em 2015 | <= 15% | <= 10% |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em MAT em 2015 | <=25% | <= 20% |
Taxa de Aprovação da 2ª Etapa do Fundamental em 2015 | >= 95% | >= 95% |
Melhora na Proporção de alunos no Adequado de LP e MAT entre 2009 e 2015 | > 0 | > 0 |
Melhora da Proporção de alunos no Insuficiente de LP e MAT entre 2009 e 2015 | < 0 | < 0 |
Evolução no IDEB de 0,2 ao ano entre 2009 e 2015 | Sim | Sim |
Anos em que a taxa de aprovação foi menor que o valor de corte entre 2012 e 2015 | <= 2 | <= 2 |
Observação: Inicialmente, condicionamos a amostra apenas às escolas que respeitavam: i) o critério de evolução de 0,2 pontos no IDEB por biênio e ii) evolução favorável a proporção de alunos nos níveis adequado e insuficiente. Dentro desse grupo, estabelecemos o valor de corte da proporção de alunos no nível adequado, IDEB e taxas de aprovação com base no Percentil 40 dessa distribuição condicional. Para a proporção de alunos no nível insuficiente, por sua vez, o valor de corte foi baseado no Percentil 60. Com relação a melhora na proporção de alunos no nível adequado e insuficiente foi aceitável uma variação negativa nos resultados de até cinco pontos percentuais, desde essa variação não ocorra em dois períodos seguidos. |
Escolas Destaque Regional: Reconhecimento às escolas que se destacam dentro de cada uma das 558 microrregiões brasileiras. Em muitos casos, é possível que escolas em determinadas regiões não tenham conseguido atingir um padrão de excelência como o requerido para o selo “Excelência”. No entanto, ela pode, dentro de seu contexto regional e apesar de ainda ter desafios para serem superados, servir como exemplo e referência para outras escolas da mesma região conseguirem melhorar as condições de aprendizado dos alunos.
Tabela 5 – Critérios Utilizados no Selo Destaque na Microrregião para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental | ||
Variável | Valor do Critério | |
Baixo NSE | Alto NSE | |
Proporção de alunos no nível Adequado em LP em 2015 | >= 55% | >= 70% |
Proporção de alunos no nível Adequado em MAT em 2015 | >= 40% | >= 60% |
IDEB 2013 | 5,5 | 6,5 |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em LP em 2015 | <=15% | <=5% |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em MAT em 2015 | <=25% | <= 10% |
Taxa de Participação na Prova Brasil | >= 70% | >= 70% |
Observação: Todos os valores de corte são baseados no percentil 60 condicional a cada grupo (Baixo ou Alto NSE). |
Tabela 6 – Critérios Utilizados no Selo Destaque na Microrregião para os Anos Finais do Ensino Fundamental | ||
Variável | Valor do Critério | |
Baixo NSE | Alto NSE | |
Proporção de alunos no nível Adequado em LP em 2015 | >=25% | >= 35% |
Proporção de alunos no nível Adequado em MAT em 2015 | >= 10% | >= 20% |
IDEB 2015 | 4.0 | 4.5 |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em LP em 2015 | <= %Adeq.LP | <= %Adeq.LP |
Proporção de alunos no nível Insuficiente em MAT em 2015 | <= %Adeq.MAT | <= %Adeq. MAT |
Taxa de Participação na Prova Brasil | >= 70% | >= 70% |
Taxa de Aprovação do 8º Ano em 2014 e 2015 | >= 85% | >= 90% |
Taxa de Aprovação do 9º Ano em 2014 e 2015 | >=85% | >= 90% |
Observação: Todos os valores de corte são baseados na média nacional de cada grupo (Baixo ou Alto NSE), exceto a proporção de alunos no nível insuficiente que tem que ser menor que a proporção de alunos no nível adequado. |
Ver também: